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11 de nov. de 2016

2º conto #tambéméviolência





Na primeira vez, eles ainda namoravam, e ele disse:
- Nossa, amor, esse batom ta feio, ta muito puta, troca.
Ela trocou.
Quando já estavam casados, ele disse:
- Esse olho está muito preto, horrível; lava essa cara lá no banheiro.
Ela lavou.
Em uma ida ao cinema, ele disse.
- Você vai com essa saia? muito curta, coisa de puta.
Ela foi com a saia e ele não gostou, andava rápido, a saia subia e ela puxava para abaixar, mas não reclamou. Então ele disse:
- Eu te avisei. Saia curta não dá nem pra andar, se te perguntarem o valor do programa com que cara eu fico?
Ela ficou com vergonha e então, desconfortável.
Em outra dia de passear ele disse:
- Vai com esse vestido?? ele não esta apertado demais para o tamanho do seu corpo?
Ela desistiu de sair e ficou em casa chorando, Ele foi, lá ficou com outras mulheres; o casamento deles não era aberto.
Ela voltou a trabalhar porque ele, apesar de ganhar bem, não dava conta de pagar as noitadas que fazia sem ela e as contas da casa. Call Center, meio/período, pois tinha que ser esposa, dona de casa, mãe. Um dia ele disse:
- Para quê essa cara maquiada? ninguém vai te ver, mesmo.
Então ela disse.
- Porque eu gosto!
E saiu.
Foi sua primeira reação.


Ele mina sua auto confiança? Diz que você parece puta por causa de uma roupa ou batom?
Isso não é cuidado, isso é machismo! Isso #tambéméviolência @chegadeviolência


4 de nov. de 2016

1º conto #tambéméviolência




Um dia ele estava na padaria com os amigos, eu cheguei por trás dele, quietinha, ia dar um susto. Os amigos dele começaram uma "brincadeira", perguntando sobre as mulheres de onde ele trabalhava, e ele respondeu que eram gostosas, lindas, uma delicia e por aí vai.
Eu estava bem atras, ouvindo, e os amigos riam.
Eu fiquei sem graça, constrangida!
Quando os amigos perguntara, sobre mim, ele disse "ah, sei lá, deve estar por aí me procurando, combinamos de nos encontrar no parque, mas eu vim pra cá com vocês". O estouro de riso foi alto, irônico, era, também, para mim. Era, também, DE mim!!
Eu estava me sentindo mal, ridicularizada!
Ele olhou para trás, olhou pra mim; caiu na risada e me abraçou.
Eu ri contrariada.

Ele nunca se desculpou, ficou tudo na ideia de que era apenas brincadeira. Depois dessa, várias "brincadeiras" aconteceram.
A violência tinha começado, eu não tinha percebido.

Ele debocha de você??
Isso não é brincadeira. #tambéméviolência #chegadeviolência


Participe dessa campanha contra a violência!
conte sua historia. mande seu relato para mandapramariah@gmail.com, autorize a publicação, informe de deseja que seja anônima ou não.

2 de nov. de 2016

Voltando a ativa #chegadeviolência #tambéméviolência

Depois de um tempo quieto o blog Alma Nua volta a suas atividades.
Começando nessa sexta, 04/11, e até o final de dezembro, reabriremos os contos de sexta somente sobre mulheres com histórias reais, anonimas ou não, sobre violência contra mulher.
Usaremos a #chegadeviolênvia e #tambéméviolência, (essa usada recentemente, pelo instituto Artemis em uma campanha do mesmo teor).

Algumas forma de violência não ficam claras a principio, mas também são violência.

Quem quiser participar, com suas histórias pessoais, pode enviar e-mail para mandapramariah@gmail.com, informe no e-mail se quer ficar anonima ou não, os e-mails que vierem sem a informação serão publicados de forma anonima.
Ao mandar o e-mail, é necessário que autorizem a publicação e veiculação das histórias na internet, de forma clara e expressa.

Vamos contar nossas histórias e ajudar outras mulheres a se fortificarem!
Somos todas vencedoras!

#chegadeviolência
#tambéméviolência
#machismomata

15 de abr. de 2016

As Mulheres de Sexta - 5º conto




Maria


Era manhã de sexta-feira, quando Maria acordou. Tarde demais para quem começava a vida sempre as 5 horas, mas naquele dia ela tinha folga. E precisava de folga. Trabalhava todos os dias na casa dos outros, mal via os filhos pequenos, mal estava em casa a tempo de limpar, arrumar, fazer jantar para o marido e por os filhos na cama. Ela bem tentava ajudar na lição, mas não tinha mais que o fundamental, então não era de grande valia.
Ela passava, lavava, cozinhava pra fora para ajudar nas contas da casa. Embora seu marido lhe dissesse que ela não valia nada, pois mal sabia ler e escrever, ainda se alegrava em comprar uma boneca para a filha e um boné para o filho nas barracas de camelô.
Agora já tinha quase 40 anos, 37 recém completadas, mas o marido, assim como a família, já diziam que ela estava velha e se fosse considerar as dores que sentia, ela também se achava velha.  o rosto não era mais liso e macio como antes, agora carregava marcas de sol; e os cabelos, levavam raízes brancas em boa parte do tempo; um contraste imenso com o preto da tinta desbotada, pois só pintava o cabelo 1 vez por mês e olhe lá.
Naquela sexta-feira de folga, a unica em que ela não trabalhava fora, tinha muito o que fazer dentro, e não só dentro de sua casa, mas dentro de seu ser. Sensação estranha era aquela que acordava com ela.
Às sextas, depois de levar as crianças na escola, voltava e dormia; e acordar era sempre bom, mas não naquela sexta. De todo modo ele não podia parar, e deu-se aos afazeres da casa. Coque alto com fios rebeldes em todos os cantos, ela passou a limpar e lavar.
Também às sextas, ela fazia macarrão, O marido adorava, embora sempre dissesse que ela já não sabia cozinhar, comia tudo. Mas a vida era assim mesmo,ela já sabia... Foi assim com sua mãe, e com sua vó e seria assim com a sua pequena filha, estava conformada.
O bairro era pobre, favela sempre é pobre. E ela foi buscar as crianças na escola olhando as ruas de terra... Ouviu um barulho ao longe e quando se deu conta, foi tarde demais. 
A viatura vinha em alta velocidade, atingiu-a em cheio arremessando-a pelos ares muitos metros à frente. A viatura não parou, tinha um chamado mais urgente para atender. as pessoas se aglomeraram em volta dela, mas não havia mais tempo.

O jornal da noite mencionou que a viatura perseguia traficantes quando uma mulher se jogou na frente do carro, sendo socorrida e morrendo no hospital.
A historia não f
Ninguém disse o nome dela, nem que era mãe, nem trabalhadora, nem que era negra. Ninguém sabia que ela era uma cidadã.

Naquela sexta-feira de outono, Maria virara estatística.




8 de abr. de 2016

As Mulheres de Sexta - 4º conto






Fernanda.

Acordar estava ficando pesado naqueles dias. Era tanto para dizer, tanto para fazer, tanto para pensar, Enquanto ela se vestia pensava na quantidade de tempo e de vezes que viveu aquilo... E sempre superou, sempre conquistou, sempre esteve forte. Mas, tantas vezes, sentiu vontade de parar... Ah sim, seria bom ter alguém que fizesse algo por ela, só as vezes. Ela estava cansada,
Sempre fora a mais inteligente, a mais forte, a mais esperta e e mais rápida; e ironicamente a vida lhe obrigada a provar, o tempo todo, aquilo que era. O tempo todo, era mesmo tudo do seu tempo. Do acordar ao dormir, do trajeto para o trabalho até voltar, das facetas de ser mãe, de ser esposa, de ser mulher... até ser filha ela tinha que provar tantas vezes... que cansativo.
Mas havia um lado bom. Ela provara, em todas as vezes, que era capaz; que era merecedora. Podem falar sobre meritocracia. Para ela era um fato.
Acordou o filho para a escola, e deixou o marido dormindo, Era o de sempre com açúcar.
Fez seu trajeto costumeiro e chegou no escritório atrasada;  já era parte de si. Só 15 minutos, nada demais, ela ficava tantas horas depois, que 15 minutos era quase uma piada,
Olhou em volta para o lugar conhecido de tanto tempo que quase desconhecia. Olhou as mesas vazias que eram dos amigos já idos. Empresa é assim, corte de custos e fim. Muita gente boa passou ali, Olhou as mulheres à sua volta, sabendo como era difícil se impor num ambiente tão masculino. Como era frágil a liderança feminina diante dos achismos machos dali. Impossível não pensar nas mulheres grandiosas com quem conviveu e de quem mal restara lembrança porque o mundo corporativo as engolia. 
Simples e cruel era a vida nesse mundo.
Concentrou-se na sua função, e quantas eram as coisas a serem feitas. Ligou aquele botão automático que as mulheres possuem e passou a produzir dentro do seu contexto. O dia era longo, misturado a um café, uma risada, um almoço, mais pensamentos e constatações.
Já era noite alta quando se deu conta que tinha que sair. Chamaria o táxi mais uma vez, ao menos isso. Ainda tinha a parte de chegar em casa, jantar, lição do filho, respirar. As vezes respirar tinha que ser lembrado. E foi assim que se deu, até quanto já era  bem tarde para ficar acordada.
Dormiu! Aquele sono de quem teve, mais uma vez, que provar seu valor; e sentiu mais uma vez esse cansaço antes de adormecer. Ela riu sozinha ao pensar que podia acordar com tudo diferente, um mundo mais justo, um vida mais tranquila.
Acordou e mal se lembrava de sue ultimo pensamento antes de adormecer, o tempo urge, a vida urge... Tudo de novo mais uma vez e estava pronta. No trem, em pé e cansada, ela suspirou. Sentiu o cansaço da semana, olhando as redes sociais, ela riu... Era sexta-feira, e nesse dia em algum lugar havia um pouco de afetividade!









18 de mar. de 2016

As Mulheres de Sexta - 3º conto



Lorem

Era sexta-feira, a primeira de suas férias, era natural que estivesse preguiçosa. Ainda deitada tentou fazer uma agenda mental do seu dia. Queria aquele dia de presente.  O telefone no criado mudo piscava o aviso de mensagem. Era só uma mensagem de bom dia. Mas a fez sorrir. Levantou-se sem pressa.
Sentada a mesa, com a xícara de café quente, ela ainda pensava em na mensagem, na verdade em quem a mandava.  Relembrava seus traços, seu sorriso... Triste historia aquela, triste como a sua.  Triste como tantas outras acontecidas no caminho. Mas a poesia não carrega certa tristeza que a fez bonita?
Algumas vezes ela se questionava sobre si mesmo, sobre valer a pena, sobre escolhas...
Quando menina, apanhara uma vez, por ter beijado uma amiga na escola, quando adolescente achou que estava doente e acabou por namorar um menino, engravidou, abortou, sofreu triplamente, a dor de ser humilhada, excluída.
Foi violentada, pois lhe diziam que faltava homem. Ela resistia. Ela era forte, tinha que ser. Lutava sozinha por muitos anos, e nem sempre para ser aceita, mas muitas vezes para sobreviver.
Através dos anos foi uma batalha ser quem era; para vencer nos campos que escolhera brigar. E ainda era. E sempre seria, mas valia a pena. E valia a pena quando ela fechava os olhos e podia pensar no sorriso que lhe derretia a alma gelada, quando pensava nos olhos que a faziam tremer dos pés a cabeça quando a encaravam.
O mundo não estava perfeito e o caminho era longo. Mas ela não estava mais sozinha.
Era sexta-feira ela poderia fazer o que quisesse, era manhã, havia um dia inteiro pela frente, mas ela decidiu que naquela sexta-feira, era hora de declarar-se. De novo, e de novo, e de novo. Esperou impaciente pelo fim do dia, aprontou-se com cuidado, queria estar bonita. 
Caminhou apressada para encontrar a parte que lhe faltava no coração.

Abraçaram assim, na rua. As duas, cabelos ao vento, olharam-se com carinho, beijaram-se, sorriram. A vida também existia ali.

Eu te amo – ela disse – faz amor comigo?!



4 de mar. de 2016

As mulheres de sexta - 2° conto




Lucia.



 Era noite de sexta-feira quando ela olhou o cinto de couro marrom esticado na porta do armário. Um frio correu-lhe pela espinha, e uma imensidão de pensamentos passou por sua cabeça.
O Relógio batera 18 horas, o maldito relógio que lhe dizia com batidas sonoras cada hora que passava. Ela andou silenciosa pela casa, olhando os cantos, os quadros, as moveis. Conhecia tão bem aquela casa que se não enxergasse andaria sem medo por cada cômodo, Alias, fazia isso regularmente, caminhava em total silencio e no escuro.
Parou no meio do quarto, aquele cômodo era aterrorizante. Era triste olhar para aquelas paredes, aquele piso, aqueles moveis...
O ar começava a deixar seus pulmões, estava nervosa. Sentia a mãos suaves e o corpo tremer de leve. A cabeça lhe pesava. Por um instante viu toda sua vida em flashs. Lembrou-se da infância pobre, mas feliz. Sua família sempre fora de amor, seus pais estavam juntos há mais de 40 anos e sempre foram apaixonados. Uma tristeza profunda a tomou.
Não tinha mais nada de seu, perdera o filho antes de nascer, desistirá dos estudos, sairá do emprego, mal via a luz do sol... havia um misto de tristeza e raiva que fazia cada pedaço do seu corpo doer.
Respirou fundo e pode sentir o cheiro do café recém-passado e da janta feita.
Ouviu a maçaneta se mover e um terror lhe dominou, sabia que havia chegado a hora. Queria correr, gritar... Mas permaneceu em silencio, parada no meio do quarto, olhando a cama a sua frente e odiando as lembranças que tinha dela.
Ouvia os passos pesados pela casa e a respiração forte. Ouviu o barulho das panelas, o café ser servido e sorvido num gole só. Ouvia a geladeira ser aberta e fechada e depois o silencio.
Seu corpo doía em cada poro. O silêncio era tão ou mais assustador que a gritaria cotidiana. Ela sabia, sabia como seria. Ele a encontraria, a chamaria de todos os nomes que julgasse justo, a humilharia, ela choraria, isso afetaria muito mais a raiva dele, ele ia lhe bater, com força, com toda a força que ele tinha, ela ia sangrar, ia cair, seria atirada na cama e estuprada. Era assim, dia a dia, todo dia por semanas, meses, anos...
Ouviu o cinto ser puxado...
Ouviu a porta se abrindo...
Ouviu a respiração dele...
Ele se aproximou tal qual um animal, circulou, queria olhar nos olhos dela.
Ela tremia dos pés a cabeça, e respirava apresada.
Ele encostou seu rosto ao dela, e ela estava apavorada, ele sorriu e seu rosto se contorceu numa careta de dor.
Ela já não pensava, fincará a faca em sua barriga repetidas vezes, não chorava, não falava, ele agarrou seu braço e deslizou por ele sem forças para outro movimento que não fosse cair. Ela esperou que ele chegasse ao chão, e num golpe quase de misericórdia, cravou a faca em seu peito.
Olhou pra ele uma ultima vez, saiu do quarto escuro e sentou-se no sofá. Acendeu um cigarro, que era dele, tragou longamente. Era chegada a hora. Ela pegou o telefone, discou o numero, deu seu endereço e pediu que a viatura não demorasse. Deitou-se no sofá.

Estava livre! Acabara sua agonia. Ela era forte. Sentia a liberdade entrar em seu corpo e adormeceu.

26 de fev. de 2016

As mulheres de sexta - 1º conto






Corina

Era verão, o calor fazia a pele grudar nas roupas, ainda que finas; mas seu coração lhe dava frio. Havia duvidas e medos, e assim como estava feliz, sentia-se em uma corda bamba. Não, já não era mais forte para aguentar os baques da vida. Ela queria apenas repousar, uma vez que fosse. Não estava entendendo qual era a graça da vida em zombar dela. Ela queria não sentir nada. O cérebro pensava, rápido como sempre, então ela estremeceu. Parecia que o fim havia começado, mas ela estava só no meio.

Os olhos lacrimejaram, e ela não saiu de onde estava; havia tanto pra fazer que não podia se dar ao luxo de chorar escondida. Nada podia, a não ser esperar que o acaso decidisse por ela. A alma retorcia-se dentro dela, gritava seu próximo passo. Ela hesitava. Secou os olhos, como pode. Olhou as palavras infinitas a sua frente e tentou junta-las. Um esforço suave de ver sentido no mundo. Naquele instante, não havia... 

Ela queria poder não falar e deitar-se. Ficar entregue ao torpor de seu sono e não mais ter que falar, na verdade, por mais estranho que fosse ela não gostava de falar. Sentiu saudades da infância quando podia passar longos períodos sem pronunciar um único som. Aliás, os sons daqueles dias eram perturbadores, sufocantes. 

Olhou em volta, sempre há olhares curiosos quando alguém chora. A fragilidade chama atenção mais que gritos. Aprumou-se na cadeira e escreveu uma longa carta, as palavras formavam frases, mas não tinham coerência; insistiu mesmo assim. Uma lágrima, teimosa, burlou a barreira de mãos que as impediam de cair, e atirou-se no papel borrando a tinta.

Finalizou seu escrito. Sob os olhares curiosos levantou-se devagar, foi até a janela, abriu! O vento forte, no 25° quinto andar, entrou como um furacão espalhando os papéis sobre a mesa. Ela respirou fundo, deixou o ar invadir e renovar seus pulmões. Nem sequer olhou os colegas de trabalho.

Atirou-se! Era hora de parar!

12 de fev. de 2016

...



Tenho muitos amores. 

Tantos que não cabem em mim. 
Amores que me levam pela vida 
Amores que a vida me leva... 
Tenho amores que são leves 
Como balões. 
E outros que me pesam. 
Tenho outros sem padrões. 
Ainda assim, amores. Ainda assim, meus. 
Ainda assim, eu!
 Eu mesma, inteira. 
Toda feita e refeita de amor. 
Na receita,  muitas colheres de dor. 
Na mesma eu, 
Muitas partes de um amargo sabor.
 E  assim, tudo junto e unido, 
Tomam formas de  balões coloridos. 
E eu caminho!

 Tenho muitos amores!

11 de dez. de 2015

Me dá um cigarro.


Texto - postagem coletiva dos Escritores da Era do Compartilhamento.
Tema "Me dá um cigarro"
Demais links no final da postagem.


(Imagem by Google)



  O som da chuva, lá fora, é como música. Eu me movo, silenciosamente, pela pequena cozinha do loft; café quente nas mãos, sentimento ardente no coração.
  Eu posso vê-la deitada na cama, dormindo profundamente. A pele brilha sob o luz do abajour.
  Já não conto as horas quando ela esta comigo; já não penso no trabalho, nem nos afazeres, pois ela logo vai embora. Ela sempre vem como uma deusa e vai como névoa pela manhã.
  Engraçado olhar para ela ali... não sei ao certo como começamos. Um acaso no metro, e agora ela esta ali, tão perto de mim.
  Me assalta o medo quando ouço passos pesados no corredor. Sempre acho que alguém vai entrar e leva-la daqui. Ela ri quando falo desses medos.
  Eu me inebrio dela. Ela me domina como veneno e antídoto na mesma proporção. Ela é tão intensa que quando sorri me leva o ar dos pulmões por uns instantes.
  Não sei o que ela diz aos outros quando sai, não sei como explica o tempo que passa comigo. E eu não pergunto. No fundo nem quero as respostas...
  Esse estranho e irrefreável amor é minha verdade agora; não busco certezas. E eu gosto de olhar para ela e não ter certezas.
  Ela abre os olhos, sonolenta. Sorri. São tantos flashs na minha cabeça... Já sei que esta perto da hora em que ela vai embora... São seus compromissos. Uma vida lá fora onde eu fico de fora, onde meu lugar é esse mesmo.
  Ela se espreguiça na cama, sorri novamente.
- Me dá um cigarro, ela diz.
  Sorrio de volta, coração acelerado, já sei que hoje, só por hoje, ela vai ficar.


Tatiane Argenta

Leca Lichacovski

Pâmela Marques

Mario Feitosa


Joany Talon

Jeessy Batista

Giselle Ferreira